domingo, 1 de junho de 2008

Nunca dormi em hotel baratoNunca dormi na ruaSe isso fosse verdade não escreveria tão malNão pensaria tão bemO pensamento aguçado, a caneta agudaO olhar naquela manhã daquela prostitutaQue chorou e me chamou de salvador e bebeu cicuta Nunca andei na ESTRADA mendigando um poemaNunca andei na rua procurando um esquemaSe isso fosse verdade não escreveria tão malNão pensaria tão bemNunca fui sustentado por uma mulher que não gostava a quem chamava meu bemNunca fiquei devendo nada pra ninguémSe isso fosse verdade não falaria tão malNão viveria tão bemMas não esqueçaEu devo a tiEu ainda não te viEu penso em tiEu não te esqueciEu choro quando vejo filme da Disney Eu nunca esquecerei aquela manhãAquela tarde está gravada na minha memóriaAquela noite está pra sempre na minha história Eu vendi um poema pra ela por 1 e 80Ela falou que eu podia fazer o papel de Cristo no cinemaEu queria ser o Bob Dylan dos pampasEla pensou que eu era cheio de manha Mas eu quero dizer pra ela que leu meu livroQue eu não sou nada que tudo é o Deus vivoE que é graças a Ele que eu ainda vivoE é por isso que eu me sinto tão livre Vendi um poema naquele barcoQue me permitiu chegar até o outro ladoÉ como chamam a Guiana FrancesaE o rio estava cheio de tristeza De Belém a MacapáDe Macapá a OiapoqueViajei nos locks daquela princesa Seus dreads eram feitos de sabão e sujeiraUma coisa que não devia existir é fronteiraA não ser pra acabar com todo o malA fronteira final (do mal) Em Montevidéu em MacapáQuem me acolheu foi um policialQueria te pedir perdãoEmbora você já tenha me esquecido há um tempão Mas eu nunca senti amor por vocêEu nunca senti quando você dormia na calçada da ruaSe isso fosse verdade Não pensaria tão bemNão me sentiria tão mal Por você estar na ruaNa noite natalSua barriga roncandoSeu olho lacrimejandoVocê chorandoE eu aqui só conjeturando... Nunca fiquei sem dinheiro pro almoçoNunca fiquei sem o café da manhãSorvete de 1 real, lata de cerveja, um queijinho queimado,coca light na jantaNunca dormi de barriga vazia Se isso fosse verdade Não pensaria que minha caneta é uma faca que fere a consciência da sociedadeQue há fartura mas falta solidariedadeQue você come E outro passa fomeQue você tem sedeE outro tem medo O medo vem da ignorânciaA ignorância da respostaA base de tudo vem da curiosidade Nunca esquecerei quando tive pouco pra comer e beberConheçam Coluche & Abée Pierre,Se isso fosse verdade Não estaria tão contente De minha profissãoDe minha missãoDe meu ofícioDe meu vício de cantarVou sair pra tomar café : 60 centavos no bolso.

Um comentário:

Etienne Blanchard disse...

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento...é isso ai sorte nessa nossa estrada q vai ser lonha e muito sucesso vc merece ...Laupinha